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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Descontextualizado

A vida resume-se a sobrevivência. A lei do mais forte em constante acção.
As luzes da grande e fria metrópole hão-de iluminar a escuridão que habita há muito na minha alma. As ruas cheias de gente e vazias de conteúdo dão valor ao acto de sobreviver. As guerras, os conflitos, tudo serve para eliminar o mais fraco. As pessoas nunca hão-de gostar, nunca hão-de aceitar na íntegra, pois são demasiado preconceituosas, demasiado egoístas e por isso existem seres humanos que mudam e sem resultado.
Mas e se soubesses que fui eu que criei a chuva e sou eu quem regozijo na escuridão e quem ri quando os outros estão na demência?
Sentirias a mesma coisa?
Se fosse eu a criar o caos, ainda pedirias para abranger o teu mundo? Porque quem cria os monstros sou eu...
Talvez, provavelmente.
A morte é para todos...
Sinto-me tão morto quando vejo o meu olhar no reflexo do espelho, sinto-me morto quando vejo os traços de dor vincados no rosto dos outros...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

One more suicide...
One left on earth...

The Invisible Poem

"O dia consome-se e vira noite,
consumindo a minha alma.
Na noite eu me deparo com faíscas de sol
e o fim do fogo
e a poeira de ossos.
A noite tira-me o fôlego
engole toda a minha língua.
Viro, volto e retorno.
Na noite eu vejo a verdade oculta
escondida na clara mentira do dia.
Olhos bem fechados,
dentes brancos em sorrisos,
o sono anda e fala
e os pés marcam o ritmo de uma batida sem tambor..."

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quem és tu?

Quem assiste à minha vida como um filme rodado no cinema chega à errada conclusão de que tudo é perfeito e absolutamente normal. Posso, com toda a certeza, afirmar que não sou mimado nem rico. Tudo é uma pura questão de aparências, porém não sou o ser frio e anti-social que mostro. Decerto que numa altura da tua vida já te enfrentas-te à filosófica e universal questão: Quem sou eu?
A primeira resposta que se dá é a nossa caracterização superficial, convictamente, física e psicológica. Não digo que não, mas refiro-me a um nível mais interior, íntimo e pessoal, onde todos os teus segredos e medos se ocultam, onde os teus sonhos e experiências se refugiam do tempo, quem és realmente?
Serás mesmo essa pessoa que transpareces?
Quem sou eu?
Sou somente um adolescente que dá vida a uma folha de papel, posso pintar o mundo à minha imagem, criar e transformar.
Um jovem incompreendido longe do luxo e cercado de privações, tentando sobreviver nesta imunda sociedade falida. Tenho sonhos, medos, tenho outras coisas, como tantos outros, porém ao mesmo tempo não tenho nenhuma. Não sei se sou assim por natureza ou se o mundo assim me fez.
Essa foi a definição que tentei o mais honestamente dar, mas muito longe do que sou. Se me conheces, deixa o teu pensamento...

Tanto o diário como um blog

"As pessoas que escrevem diários não é porque se sintam sós, é porque têm algo a dizer, porque suas vidas são diferentes. Ainda que nunca confessem, esperam sempre que alguém os descubra e os leia para conhecer a verdadeira personalidade do autor... " (Diário de uma ninfómana).

Tanto o diário como um blog...
O meu blog.

Saltar ou não saltar?

Quando estás mesmo à beirinha de sítio alto, até parece que há algo a puxar-te para baixo e só te apetece mesmo deixar que a gravidade te leve. Mas não. Por algo desconhecido, incompreensível ou parva, decides contrariar essa força e vais passar os restantes dias a arrependeres-te de não teres cedido...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Prostituição

É certo e confirmado que a sociedade actual vê a prostituição de forma bastante negativa e até se encara como a profissão mais antiga do mundo. É algo total e decididamente incorrecto e desprovido de qualquer admiração.
Eu discordo e friso o seguinte: desde que seja voluntária e não forçada.
Vejo filmes com essa temática e até gostava de estar na pele de um desses actores, por mera curiosidade. Sei o que implica. Somente quero saborear o outro lado da "vida legal e normal". Penso que seria interessante, em todos os sentidos.
Se eu o fosse, e não quero dizer que o vá fazer, seria enormemente selectivo e cuidado seria a máxima a seguir. Confesso que sou uma pessoa que precisa vivenciar as situações para saber o que se sente. Adoro a sensação, a adrenalina, o poder, o experimentar... basicamente o risco e a descoberta de algo novo e físico. Explorar esse mundo repleto de sensações e vivências, histórias únicas e reais, conhecer esse lado do ser humano.
Creio que a prostituição deveria ser legalizada, até porque há pessoas que são incapazes de comunicar-se verbalmente ou de forma escrita, simplesmente o fazem melhor com o corpo. Pois até este tem a sua própria e universal linguagem.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tristeza e Cocaína

A diferença entre cocaína e tristeza é que quando se toma cocaína vamos longe e tudo é bonito. Com a tristeza eu fico cá na fealdade...

O tique pianista

O facto de alguém poder mudar e controlar o seu próprio destino é a conclusão a que todos chegamos. Criamos o nosso próprio universo com o desenrolar das coisas, mas outros como Thomas Brown não tiveram voto na matéria.
Um rosto marcado, um olhar penetrante, uma expressão sólida e um coração inato num corpo tão jovem.
Era ele, inconfundivelmente, o pequeno Thomas Brown.
Lá estava tudo, uma fraca barreira o separava de tudo o que algum dia imaginara. Dois passos revelariam todos os segredos, medos, desejos e, pior, revelariam esperanças...
Aquilo desafiava-o a um duelo e, deixando os dedos correr pelo material rugoso, enfrentava o fim. Contudo, esse material rugoso passou a madeira fria e o fim tinha acabado de se transformar no mero início. Sem muita convicção, afastou-se da grade de madeira e, lenta e pesadamente, atravessou as dunas brancas até onde as ondas morrem na areia. O sol de fim de tarde beijava-lhe levemente a pele lívida. O vento sussurrava aos seus ouvidos enquanto deixava o seu encrespado cabelo esvoaçar. Os dedos dos pés estavam cobertos pela areia e, olhando em frente fixamente o longínquo horizonte, pela primeira vez não sentiu medo.
Um menino.
Dois...
Três... passaram por ele a atirar água e a rir.
Dali nada parece inalcançável , tudo parece estar longe.
A primeira estrela! Um beijo perdido e uma despedida rouca. Poderia dizer-se que estava em casa, mas não.
Nunca mudaremos aquilo que somos por medo de não gostarmos daquilo que seremos. Thomas jamais mudaria. Até agora. Agora que não tinha nada, agora sentia-se o ser mais perdido do planeta, agora...
Mexendo os dedos como se tocasse piano, desapareceu, como que por magia, sumindo, deixando para trás uma praia vazia...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A escola

"I don't want to go to school! I hate School! I'd rather do anything than go to school!"

Nunca fui muito adepto da escola e, verdade seja revelada, detesto. É o espaço em si, as turmas e a retardada mentalidade da grande maioria, é demais e tira logo a vontade de erguer cedo da cama para passar mais de metade do tempo encarcerado por quatro paredes e aglomerados de pessoas que parecem olhar-me de lado.
Quando passo, todos parecem reparar em mim e, imaginação minha ou realidade, todos eles parecem saborear comentarem, criticarem, divertirem-se à minha custa. Odeio! Tanto a sensação como as pessoas. É como se soubessem todos os meus segredos, medos e desejos...
Existem momentos que me sinto apenas um no meio de milhões e é como se todo o mundo me olhasse e perguntasse: "Quem é ele?", isso assusta-me, aterroriza-me quando falam de mim, me julgam sem conhecer e fico triste com essas pessoas que observam em seu redor e esquecem de se olharem para elas mesmas. A única coisa que me dá força para enfrentar o mundo lá fora, são os meus amigos, que sem margem para dúvidas, são os melhores que existem.
Basicamente e de uma perspectiva figurativa, para mim a escola é como um tanque de piranhas esfaimadas, onde eu sou a carne fresca e suculenta pela qual tanto anseiam. Todos se atiram a mim para me despedaçarem e eu nada posso fazer senão converter-me num peixe-balão coberto de espinhos. Esse peixe é o sinónimo da minha rebelde aparência e rudeza que construo para me defender, quando na verdade estou assustado e confuso.
Este lugar poderia melhorar imenso!
Cada dia passado naquele complexo faz-me perder um pouco mais a noção de quem sou e obriga-me, de certa forma, a aceitar aspectos camuflados da sociedade com os quais jamais concordaria.
Escola... palavra que recorda a força dos amigos... lugar que detesto.
Ninguém sabe ao certo o que acontece ou anda à solta numa escola durante a noite, e só de pensar causa-me arrepios. Analisando a situação do ponto de vista de um criativo aspirante produtor de cinema, esta ideia transformada em filme catapultava-o para o palco de Hollywood.

Lista (de compras)

Sinto falta de alguém.
Adoro dormir.
Já vi filmes porno.
Acredito que ser honesto é boa política.
Não mudei quase nada desde o ano passado.
Nunca parti um osso.
Sou paranóico.
Tenho um irmão gémeo (o meu soul-brother).
Normalmente sou pessimista.
Penso que a prostituição deve ser legalizada.
Já tive dezenas de telemóveis.
Não faço a mais remota ideia do que irei fazer no futuro.
Sou muito tímido perto de ambos os sexos.
Adoro os meus amigos.
Vejo desenhos animados.
Gostava de saber tocar e ter um piano.
Caio fácil e rapidamente em atracção em vez de amor.
Sou totalmente diferente em torno de pessoas diferentes.
Não importa onde esteja ou com quem, serei sempre solitário.
Já roubei chocolates de supermercados.
Tenho problemas em expressar as coisas verbalmente.
Sou louco.
Sou um pouco egoísta.
Gostava de ser narcisista.
Já pensei em fugir de casa.
Tenho pânico de estar às escuras.
Gosto da chuva quando estou em casa.
Penso bastante em suicídio.
O nome do meu cão é Lupi...

sábado, 3 de dezembro de 2011

Um vazio...

Hoje foi o mesmo. Segui a minha habitual busca pelo desconhecido que me dissesse quem realmente sou, contudo não achei nada.
Estou decepcionado, e desiludido. Já perdi a esperança, não sei porque insisto sequer nesta incessante procura pela peça que me falta. Agora que penso, talvez fique ainda mais mórbido...
Sei o que não é.
Estou cansado e farto. É sempre a mesma rotina, e uma vida rotineira é um modo de suicídio. As mesmas pessoas, os mesmos locais, os mesmos de tudo. Preciso veemente de algo que agite o meu mundo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Porque preciso de ti?

Porque preciso de ti?
Preciso de ti como quem precisa de um porto de abrigo, como uma criança que necessita do casaco para se abrigar do frio Inverno, preciso de ti como um peixe da água e mais que pelo simples facto de seres uma pessoa que conheço, porque és parte de mim. É como o vazio que teima em permanecer na escuridão da minha alma.
Ainda não defini o nome desta vontade titã de te sentir a meu lado, de querer apenas um abraço teu. Talvez seja saudade por eu não estar contemplando o teu olhar penetrante, vendo o teu sorriso cativante e níveo, ou talvez seja somente carência por eu não sentir o teu toque, o teu corpo colado ao meu, provar os teus apetitosos lábios, ou ainda sentir o teu perfume enquanto me confessas ao ouvido: "Tu és só meu!".
Não consigo precisar exactamente o que sinto neste momento, mal consigo respirar e a tendência é para piorar. Na minha janela bate forte e agudamente a chuva, mas parecem agulhas no meu interior. Gelo ao não te ver, ardo ao tocar-te, paro de respirar ao falar. Passei toda a vida à tua procura e espera e agora encontrei-te e não sei que fazer.
És a única pessoa que cause em mim uma série de controvérsias que não controlo: fazes-me sentir forte e fraco, quente e frio, alegre e triste em simultâneo. Os meus joelhos tremem, o meu pulso acelera, os meus olhos fixam-te e o coração dispara. Penso que encontrei a palavra certa para isto, é ele Amor Verdadeiro. Só um assim, nesta intensidade, te deixa triste por passares um dia longe do teu amor. Só um assim te consome por inteiro.
Sem ti aqui, a ausência aumenta a cada instante e apodera-se da minha alma, matando-me aos poucos como uma planta privada do sol. Sei que o amor tem o poder de deixar em nós uma Sibéria, porém também tem a capacidade de criar um deserto ardente esperando frescura.
O amor é reconhecermos a nossa alma na pessoa que amamos...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Que vês tu?

Há quem diga que os únicos tons da vida são o preto e o branco.
Contudo há muitos tons de cinzento, uma vasta escala! Aqueles que vêem somente o preto são masoquistas, os que vêem o preto e o branco não passam de optimistas incrédulos e quem vê os tons de cinzento estará para sempre condenado.
Eu vejo os cinzentos.
Eu estou condenado, condenado por escolha própria, infeliz na imperfeição que dizem ser o que é a felicidade. Esses tons todos invadem os meus olhos manchados de lágrimas e não adianta rogar aos anjos, porque eles já me abandonaram há tanto tempo...
Já não sei o caminho, mas tenho de te encontrar, sem anjos e sem ninguém.

Precipício dos Diferentes

Hoje é um daqueles dias em que não dá mais para aguentar e, visto daqui, o mundo é totalmente diferente. Nesta perspectiva, a partir deste ângulo eu consigo ver os outros e até entendê-los. A paisagem urbana estende-se para lá do horizonte e tanto o bulício é que nem me consigo ouvir a mim mesmo. Não pareço importar a ninguém, decerto que muita gente ver-me-ia somente como um mais para as estatísticas e, sabendo de experiência, as suas opiniões e pensamentos seriam basicamente os mesmos que todos os outros que existem no planeta, porém desconhecem a força e o impacto que esta sociedade corrompida e falida tem sobre "Os Diferentes".
Essas pessoas não sabem, não conhecem, contudo julgam e criticam a valer. É fácil fazê-lo quando se trata dos outros e não de nós próprios, tão profundamente injusto...
Subitamente, tudo parece abrandar de ritmo até que toda a realidade sólida e cruel fica suspensa, imóvel envolta numa fina camada de ar. Repasso momentos da minha vida, os fragmentos mais significativos, em segundos numa sequência rápida e imagens perfeitamente sintonizadas e confusas. Relembro, esqueço, entristeço, alegro-me, comovo-me e arrependo-me. Por instantes permaneço indeciso no parapeito, contudo no momento seguinte estou genuíno. Sem que nada me prenda, o meu pé desliza para a frente, rumo ao destino autêntico e certo.
Tudo o que queria deixou de importar, todos os meus sonhos se converteram em pesadelos, as pessoas amadas foram desvanecendo-se da memória, agora quase em branco, como tinta num papel submerso em água.
O que me resta?
Oiço algo tranquilizante e simultaneamente inquietante, um som ainda estranho aos meus ouvidos enquanto sinto a resistência do ar e a força da gravidade actuarem sobre mim e, então, começo a ver o negro do alcatrão cada vez mais perto e percebo que não é solução e temo. Seguro de mim, fecho os olhos e desejo desesperadamente retroceder no tempo, na vã esperança de consegui-lo...

Alguém me disse, uma vez, quando morre alguma pessoa, essa está a dar a vida a outra que nasce. Estarei a ser egoísta se viver, ou generoso se morrer?